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O Prêmio do Inútil e do Inusitado

por João Ricardo Oliveira


Pouca gente sabe, mas o famoso Nobel tem um alter-ego: é o Prêmio IgNobel, concedido aos autores de "experiências que não podem ou não deveriam ser reproduzidas", segundo o regulamento oficial. Enquanto o primeiro reúne a elite do pensamento científico e literário, o segundo apresenta uma coletânea de pesquisas de utilidade duvidável. Ou simplesmente malucas, como o biólogo que colocou parasitas de gatos em seu próprio ouvido para verificar que reações teriam em humanos.
Ganhar o IgNobel pode ser uma humilhação ou apenas "divertido", dependendo do senso de humor do "laureado". O prêmio é dado pela revista Annals of Improbable Research ("Anais de Pesquisas Improváveis", AIR). A equipe da AIR é constituída de cientistas e professores universitários (incluindo ganhadores do verdadeiro Nobel) que se dedicam a divulgar e satirizar pesquisas aparentemente rid’culas.
A seguir, alguns ganhadores do IgNobel. Por mais incr’vel que parea, as pesquisas abaixo foram feitas por cientistas formados e publicadas em jornais e revistas especializados. Ou seja, n‹o s‹o piada Ð apenas parecem.

Alguns Ganhadores do Prêmio IgNobel

ENTOMOLOGIA, 1994: Robert Lopez, por ter estudado os efeitos de parasitas felinos em seres humanos. Detalhe: sua metodologia de pesquisa incluia colocar os parasitas em seu próprio ouvido e analisar os resultados.

METEOROLOGIA, 1994: Agência Meteorológica Japonesa, por ter pesquisado a relação entre os terremotos e o agitar das caudas dos peixes. A pesquisa durou sete anos.

BIOLOGIA, 1998: Peter Fong, do Colégio Gettysburg, EUA, por ter analisado como o antidepressivo Prozac age em moluscos.

TECNOLOGIA, 2001: Concedido a John Keogh, da Austrália, por ter tentado patentear a roda - e ao Escritório Australiano de Propriedade Intelectual, por ter concedido a patente.

MATEMçTICA, 1993: Robert Faid, dos EUA, por ter calculado a probabilidade do ex-presidente da União Soviética Mikhail Gorbachov ser o Anticristo (8.606.091.751.882 para 1).

LITERATURA, 2001: John Richards, da Inglaterra, fundador da Sociedade Protetora do Apóstrofo.

PAZ, 2001: Viliumas Malinauskus, da Lituânia, por ter criado um parque de diversões chamado ÒMundo de StalinÓ.

SAÚDE PÚBLICA, 2001: Chittaranjan Andrade e B.S. Srihari, do Instituto Nacional de Saúde Mental da êndia, pela brilhante descoberta de que tirar meleca do nariz é comum entre adolescentes.

FÍSICA, 1996: Robert Matthews, da Universidade de Aston (Reino Unido), por seus estudos sobre a Lei de Murphy ("tudo que pode dar errado dará"), e por ter "provado" que a torrada sempre cai com o lado da manteiga para baixo (façam o teste!).

QUÍMICA, 1996: George Goble, da Universidade Purdue (EUA), por seu revolucionário método de acender churrasqueiras usando oxigênio l’quido.

PSICOLOGIA, 1993: John Mack, da Universidade de Harvard, e David Jacobs, da Universidade Temple (EUA), por sua pesquisa sobre seqüestros praticados por alien’genas. Os cientistas tiveram duas conclusões: a) de que pessoas que dizem ter sido raptadas por extraterrestres provavelmente foram; b) que o principal objetivo dos extraterrestres é a reprodução.

ARQUEOLOGIA, 1992: Eclaireurs de France, um grupo protestante jovem da França, por ter apagado pinturas pré-históricas da caverna Meyrieres. Eles acharam que eram pixações.

LITERATURA, 1992: Yuri Struchkov, da Rússia, por ter publicado 948 trabalhos científicos entre 1981 e 1990 Ð quase um trabalho a cada quatro dias.

PAZ, 1997: Harrold Hillman, da Universidade de Surrey, Inglaterra, por seu trabalho "A Provável Dor Experimentada Durante a Execução por Diferentes Métodos".

MEDICINA, 1994: Para um homem identificado apenas como "Paciente X", que, após ter sido picado por sua cascavel de estimação, insistiu em ser tratado com choques de uma bateria de carro aplicado em seus lábios. Posteriormente, sua experiência foi narrada no estudo "Ineficiência do Choque Elétrico no Tratamento de Envenenamento de Cascavel", dos médicos Richard Dart, do Centro de Venenos das Montanhas Rochosas (EUA) e Richard Gustafson, da Universidade do Arizona (EUA) - que compartilharam o prêmio com o Paciente X.

MATEMÁTICA, 1994: Igreja Batista do Sul do Alabama, por sua contagem precisa de quantos cidadãos do Alabama (estado americano) irão para o inferno se não se arrependerem de seus pecados. Este prêmio foi apresentado pelo cônsul da Noruega em Boston, em nome dos habitantes de Hell, cidade do interior daquele pa’s.

PAZ, 2000: A Real Marinha Britânica, por ter ordenado aos marujos que, em vez de usarem balas de verdade, gritem "bang!", durante os exerc’cios.

PAZ, 1999: Charl Fourie e Michelle Wong, da çfrica do Sul, por terem inventado um alarme de carros que vem com um lança-chamas automático embutido.

TECNOLOGIA VISIONÁRIA, 1993: Jay Schiffman, de Michigan, EUA, por ter criado um aparelho que permite dirigir e assistir TV ao mesmo tempo - e os legisladores do estado do Michigan, que tornaram legal o uso do aparelho.

MEDICINA, 1992: Uma equipe do Centro de Pesquisas Shisedo, Japão, por ter feito um estudo sobre o chulé, e por ter concluído que quem acha que tem chulé tem, e quem acha que não tem, não tem.

PSICOLOGIA, 1995: Shigeru Watanabe, Junko Sakamoto e Masumi Wakita, da Universidade de Keio (Japão), por terem conseguido treinar pombos a distinguir entre pinturas de Picasso e Monet.

CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO, 2000: Chris Niswander, dos EUA, por ter criado o PawSense, um programa que detecta gatos andando sobre o teclado do computador.