(envie o seu texto) Externamente o encontramos nas diversas narrativas míticas, nos primórdios da história do homem, nas crenças, etc; internamente, manifesta-se através do vasto campo onírico, na imaginação viva de cada um, enfim, ele pulsa em nós e é importante caminho de ligação e interpretação do ser humano para com seu complexo mecanismo psíquico. A linguagem-mãe da humanidade é a simbólica. Com o passar dos séculos, o homem foi desconectando-se mais e mais de seus Símbolos originais, tornando-se um ser essencialmente racional e lógico, provocando assim uma dissipação dos seus conteúdos mais ricos inconscientes, separando-o de sua real natureza, levando a humanidade a uma crise por novos valores simbólicos, trazendo sérias implicações para o auto-conhecimento, levando o homem a sentir-se só no universo. Os fenômenos naturais perderam lentamente suas implicações simbólicas Nesta aproximação de início de século, há um emergente renascimento e reencontro do homem com seus Símbolos ancestrais (podemos notar na moda, no cinema, na literatura, etc). Uma coisa é certa: o homem precisa relacionar-se a nível anímico com estruturas simbólicas, pois, ao contrário, muitas psicopatologias criarão espaço cada vez mais no cenário humano.
Mas, como podemos entender a relação entre o Símbolo e a cura psicológica
do homem? A seguir, se analisarmos como um Símbolo imprime forte impacto e revelação na mente humana, entenderemos que ele também pode desequilibrar um dado indivíduo, ao invés de curá-lo (é lógico, que essa reação é muito particular), se associado a dada situação traumática ou mesmo despertando a força de um complexo. Como pudemos notar, a função do Símbolo, não é só expressar conteúdos inconscientes; antes de tudo, ele é um regulador psíquico de grande valor, ferramenta indispensável para o caminho da individuação. Os Símbolos de Cura são aqueles que proporcionam uma religação do consciente com o inconsciente, é a chave para a interpretação de um bloqueio e um estímulo para a psiquê se organizar novamente. Qualquer Símbolo pode ser curador, desde que intervenha no processo individual psíquico e revele à pessoa informações necessárias ao auto-entendimento. O uso do Símbolo para cura, é administrado terapeuticamente, através, por exemplo, do exercício de visualizações (como no caso da meditação com mandalas) ou direcionado por um terapeuta utilizando gravuras, fazendo uma série de perguntas para o cliente, indagando-o em relação aos sentimentos manifestados. Temos também a oniro-terapia, e mesmo a técnica com o Tarô, utilizando-se das lâminas para orientar o cliente na sua jornada interior, tendo em mãos Símbolos primordiais que podem suprir lacunas psíquicas e ajudar no caminho da individuação. Os Símbolos de Cura não são novidade: as antigas culturas como a grega, egípcia, indiana, dentre outras, cultivavam através de seus Símbolos, uma vivência, feita através de antigos ritos, mobilizando a coletividade para a busca do sagrado interior, tão distante nos dias de hoje. É importante colocar que sabemos mais de simbolismo do que qualquer geração anterior à nossa. Mas, em outros tempos, "os homens não refletiam sobre seus Símbolos; eles os viviam e eram inconscientemente animados por seu significado." (Carl G. Jung). As religiões, ainda hoje, mantém na sua ritualística, uma simbólica de cura, tão avidamente procurada por nossa civilização; esse é um dos motivos principais da busca religiosa desenfreda deste final de milênio.
A força que está por trás do Símbolo, está aquém de nossa compreensão.
A capacidade curadora se apóia na ilimitada expressão de sua forma e na
qualidade de seu conteúdo para abrir caminhos no emaranhado psíquico, tal
como o fio de Ariadne, ajundando Teseu a livrar-se do labirinto e enfrentar
o Minotauro.
Giancarlo Kind Schmid - Rio de Janeiro/RJ |