Doenças
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A doença é e sempre foi mal vista por todos nós. E com razão: chegam sem avisar, perturbam nossa paz, e, algumas vezes, quando passageiras, se vão. Mas o que fazer se ela veio para ficar? Como faremos para conviver o resto de nossas vidas com essa intrusa? Sabendo que não podemos mandar a doença embora, a melhor alternativa é que façamos com ela o que faríamos se alguém se mudasse definitivamente para nossa casa: providenciar para que tudo ocorra da melhor maneira possível e tentar tirar proveito ou na melhor das hipóteses aprender algo da situação.

A vida nos chama o tempo todo a assumirmos responsabilidade pelos nossos atos. E como dizia Groddeck, um dos criadores da psicanálise "A doença não é uma invasora que vinda de fora penetra no corpo a força". Na verdade ela é uma resposta do corpo, uma produção dele. E temos a oportunidade de através dela aprendermos mais sobre nós mesmos. Me permito aqui exemplificar um grupo especifico que tenho acompanhado. Tenho atendido nos últimos anos vários pacientes portadores de esclerose múltipla e consegui perceber claramente, neste caso, o que a doença vem a lhes dizer. Em sua maioria portadores desta doença eram pessoas extremamente ativas, tão ativas que não tinham tempo de cuidar de si mesmas. Trabalho, compromissos sociais, problemas em casa, e não se permitiam de maneira alguma pensar em seus reais problemas e objetivos de tudo aquilo que fazem.Podemos, sem generalizar, ver que neste caso realmente a doença ou digamos a vida através do corpo, lhes fez uma chamada para si. O que a sua doença veio lhes dizer?

Muitas das coisas belas no mundo são frutos da doença. "O homem cria a beleza como remédio para sua doença, como bálsamo para seu medo de morrer", diz Rubem Alves. Somos motivados a criar pela falta, pela angustia de preencher nossos espaços vazios. A doença pode ser uma grande opção para apreciar a vida mesmo com as limitações que ela nos impõe. Quem saudável percebe a beleza que existe no perfeito funcionamento do nosso corpo, na felicidade de conseguir fazer coisas simples como falar ou se movimentar? Quantos de nós valorizamos o prazer de estar em família, de estar, apesar das dificuldades ainda presente no mundo, vivos?

Talvez alguns de vocês me pergunte: mas de que adianta saber a beleza que existe em tudo isto se eu não posso andar, se eu não vejo meu corpo funcionando nesta perfeição toda? A resposta que encontro para isto é simples use seu potencial. Comece a pensar na doença como sua amiga. Não veja as perdas, mas sim o que ainda resta por fazer. Limite existe para todos nós em diferente intensidade. Comece a conviver, entrar em contato com os seus limites e aprenda a trabalhar dentro das suas possibilidades. Se você apenas consegue falar e não tem movimentos, converse muito, de ou peça palavras de apoio. Certa vez uma paciente que faz uso de cadeira de rodas me disse que ficava o tempo inteiro em casa, que não saia, que não ia nem mais a igreja (coisa que antes fazia freqüentemente) porque era muito difícil , daria muito trabalho a sua família. O detalhe é que provavelmente aquela cadeira seria definitiva em sua vida, então estaria ela fadada a ficar em casa eternamente esperando as coisas virem a ela? Com o tempo conseguimos que ela aceitasse isto como definitivo e tomasse as devidas providencias. Hoje ela vai a igreja toda a semana, ela faz visitas a filha e uma vez por mês vai ao meu consultório. Qual a diferença? Ela aceitou seus limites e está vivendo de acordo com eles.

Fica aqui mais uma vez meu convite a aprenderem a conviver com a doença, com a falta que ela nos coloca. E assim criar, e assim ver a beleza, sorrir novamente.
 

Cristiana Pinto - São Luís/MA
*Piscóloga e Teleconsultora da Home Page Auto-ajuda, em Sexologia
http://www.geocities.com/psicologa/

 

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